quinta-feira, 16 de abril de 2009

(sem título)
























Era perversa a tal da dona,
vinha de tempo frio em tempo frio,
casaco grande
para cobrir os grandes seios.
Contam que quando pequena
cometia pequenos delitos,
depois de crescida
devorava homens vivos.
Jamais deixou restos.
Quando satisfeita
lambia os longos dedos.
Bebia aos bocados
pra sentir queimar o vento.
Contam que quando pequena
vivia com as vergonhas expostas,
depois de crescida
não deixava pedaços de fora,
só viam seus ardores
os homens que comia.
Certo dia, as viúvas da cidade,
armadas com pedra e sabão
raptaram a tal da dona;
cuspiram em suas vergonhas,
queimaram seus grandes seios.
Eram perversas aquelas donas,
não sabiam comer uma mulher.





Ilustração "Rocho" de Vânia Medeiros