
João inventou um barco que voava,
o barco salpicava o mar.
Tinha um compartimento construído pra guardar velhos amores.
Ele tinha dessas manias,
queria ser inventor de coisas que só teriam serventia à poesia*
juntou cacos de cores em riso e fez o casco,
juntou palavras e fez o leme.
O convés nunca seria lavado,
(afinal pra lavar convés é preciso gente triste, como naqueles filmes de gente chorando com um esfregão na mão).
O barco de João era o mais bonito da Vila.
Todo pescador invejou.
Todos queriam saber como fazia pra ter barco assim.
João ria e respondia:
- É só juntar amor e poesia.
(Mamá 2009/2010)
* como o moço feito de barro que mora no Pantanal