sexta-feira, 21 de novembro de 2008

embarulhada

Tem um monte de barulho morando dentro de mim.
Parecem árvores conversando com o vento, ou crianças correndo atrás do moço do picolé.
Tem dia que parece dor antiga fazendo zumzum.

Os barulhos se misturam.
Embrulham as saudades e depois rasgam o papel de enfeitar,
eles as deixam abertas espalhando cheiro forte.

As vezes aparece barulho novo que num piscar se embaralha aos outros.
Tem dia que é banda de prato e panela. Me fazem dançar até!

Dia desses acordei querendo sorrir silêncio, e não sentir cheiro de saudade.
Mas tanto me deixei 'embarulhar' que dentro de mim parece não ter espaço.
Futuquei, futuquei, tanto futuquei procurando lugar de descansar que fiz um corte.

Mais um barulho.
Descobri que não silencio.

Só em poesia,

Fora dela ganho barulhos
e machucados.

4 comentários:

Júnior Fontes disse...

Amei,muito bom mesmo.
Vc escreve muito bem,beijos!

salix disse...

só em poesia eu silencio tbm :~
:*~

Rodrigo Sestrem disse...

Salve a Poesia, que, permitindo o silêncio, alcança a música maior do mundo...
Fora dela, sou que nem tu...
Salve a Poesia, que faz nascer amizades que tinham de nascer a distância, que engana o ser humano a ponto de fazê-lo feliz...
Salve a Poetisa, que é a fonte...
Saudades!

Anônimo disse...

O pensamento é um barulho tão alto e ao mesmo tão silêncioso e próximo que só que tem escuta, como um mp3.