A palavra
ocupa as frestas
de meu corpo.
Apura com as mãos
a forma inacabada
que carrego.
Desliza por minha barriga.
Me apruma o verso no umbigo.
Tatua madrugadas
nos traços
que amanheço.
A palavra me tece,
me latina,
me cabe.
A palavra me azuleja,
me anuncia.
me abandona.
A palavra faz meu sexo de abismo.
(Maíra Guedes e Jober Pascoal)
Ilustração: "Maçã" de Vânia Medeiros.

