terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Sagitário

Tenho o mar atravessado em minhas costas 
e uma bola de fogo na cabeça
O mesmo fogo de que é feito o chão da terra
Minha língua é de barro vermelho e molhado
Nascida em dezembro, sou eu meu cavalo.





(Maíra, 02 de dezembro de 2013)



quinta-feira, 14 de novembro de 2013

(sem título)







a espera é o suicídio.
é o cavalo do tempo.
é a morte à espreita
assombrando o peito.



(Maíra, 13.11.2013)




(Imagem: Iluminuras de Martha Barros)

sábado, 9 de novembro de 2013

rebento


corpolivro
descortina
a palavra
escondida
na pelepágina.



(Má, novembro de 2013)



Para ouvir: Rebento - Por Elis, de Gil.

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

PAIXÃO

Lâmina
cortante
dos dias

ensanguentando
as horas

vermelha

como a bandeira
que desejo
flamejando
em cada esquina.



(Maíra, 31.10.2013)


sábado, 5 de outubro de 2013

Primavera

Arrepio de flor em boca
no leve compasso da pele.
Os dias se derramam
nas frestas do corpo em festa.

Arredia, a noite se encosta no olho
e acorda o tempo;
esse,  desliza encruzilhadas.

Afiada, a primavera  atravessa
línguas e janelas.
Amanhece invasiva
transbordando sol e pétala.







AVISO IMPORTANTE



Do olho saltam facas
que se enfiam
certeiras
no peito
de gente
desavisada.






 Ilustração de Vânia Medeiros
 http://www.flickr.com/photos/vania_medeiros/4555779530/sizes/o/in/set-72157623630579379/







domingo, 15 de setembro de 2013

Rio Vermelho





Rio vermelhando os dias
trago a rua atravessada na garganta.

Seus ladrilhos, pedras, sufocos
explodem por debaixo da pele.

No açoite da noite
um gosto-corpo aflora na língua.

Labareda viva
dentro d'água ainda
incendeia os dias,
engorda o verso.


Madrugada é afluente dos afetos.



ilustração: Vânia Medeiros
http://www.flickr.com/photos/vania_medeiros/



terça-feira, 9 de julho de 2013

Trincheira


Guerrilha
explode
na garganta
em chamas

Amor
explode
no peito
em armas

Revolução
é anúncio
corpo
a caminho.

(Maíra Guedes) 

segunda-feira, 8 de julho de 2013








Pintei os cabelos.
Arroubo das palavras 
que cansadas de morar no aperto
entre a garganta e o peito
derramaram versos vermelhos
em meus cachos
tingindo os fios de poesia.
Me fazem agora
reluzir o dia e o sangue na cabeça.
Penduradas entre sol e raios
as palavras de trovejam e me nascem

vermelha.






(ilustração:  "Danae" Gustav Klimt)

domingo, 7 de julho de 2013

vontade de domingo

comer poesia
rasgar-me 
em versos
correr a voz 
pelas ruas
espiar com o corpo 
a chuva
e deixar
cada gota
surrar meus poros
até molhar o tempo
e a palavra

Memórias

No descampado da noite
uma mulher que mastiga ventos
precipita a tempestade.

Um céu de anteontem,
na encruzilhada da pele,
se esconde e se espreita.

Os suspiros do quando em mim
afrouxam os nós atados.

A sobremesa lambuza
os entornos da língua
e engole a seco o vinho
tinto de sangue novo.

Finada a noite insone
percorro os descaminhos do corpo
alagando ruas a ferro e fogo.

(Jober Pascoal e Maíra Guedes - outono/inverno de 2013)

terça-feira, 18 de junho de 2013

Anúncio

Feita entre sal e pedra
a paixão úmida
recosta em meu peito
e adormece,
nasce um rio no peito
que deságua na boca,
cuspo no céu que explode
com o peito encharcado 
em chamas.




(11 de junho de 2013, Diamantina-MG)