Rio vermelhando os dias
trago a rua atravessada na garganta.
Seus ladrilhos, pedras, sufocos
explodem por debaixo da pele.
No açoite da noite
um gosto-corpo aflora na língua.
Labareda viva
dentro d'água ainda
incendeia os dias,
engorda o verso.
Madrugada é afluente dos afetos.
ilustração: Vânia Medeiros
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