domingo, 27 de fevereiro de 2022

"...vamos chamar o vento..."

O vento semeia
O vento arranca
O vento irradia

O vento carrega
O vento destrói
O vento arrepia.

O vento protege, 
beija a pele, acarinha.
Canta entre as folhas
entre as frestas,
entre os tempos.

Imensa
Presença 
De toque invisível
só vivido 
como atrito 
seja em nós
ou na poesia.

Ninguém escolhe tocar o vento
É ele sempre que se anuncia. 

Epahey
Senhora dos 9 céus!
Epahey 
Senhora das ventanias!

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022

Roda da Fortuna

São muitos caminhos,
a roda não para,
o fogo do canto
na cura o tambor.


Madeiras de água

atravessam meu olhos,
do ar, chocalhos a dizer:
meu lugar é aqui,

meu lugar é o mundo.






sábado, 19 de fevereiro de 2022


Criar é exercício de se aumentar para o sentir,

em expansão reentrante, deslinear.

Assumir as veias, o pulmão,

o coração como habitat.

É recuperar o sensível, o tino, a intuição.

A sagacidade da prontidão.

Alargar a memória,

dançar a memória,

mover-se mistério.

É recuperar-se líquida, evocando em movimento

o poder de correr entre as pedras, e minar,

todo esbranquiçamento patriarcal aniquilador.

É virar

olho d'água,

expansão de mar,

baía aberta dos pés a cabeça.