Sim moço!
Sou filha do asfalto.
Queria mesmo ser da terra,
vinda do mato,
com cheiro de fruta do pé.
Mas não.
Sou filha da rua.
Quadrada,podada e criada.
Sou filha de um carnaval da carne.
Não conheci quem conhecesse
Pierrot ou Colombina,
Arlequim é o que chora?
Nasci filha mulher,
nunca menina.
E duvido de quem seja.
Sim moço!
Sou filha de puta!
De esquina e caminhão.
Sou filha de um sonho
que nasceu na contramão.
(Maíra Guedes - Salvador-Ba,17 de fevereiro de 2006-23:58h)
Tenho o mar atravessado em minhas costas e uma bola de fogo na cabeça. O mesmo fogo de que é feito o chão da terra. Minha língua é de barro vermelho e molhado. Nascida em dezembro, sou eu meu cavalo.
quinta-feira, 30 de outubro de 2008
terça-feira, 21 de outubro de 2008
para manoel
Tenho cambaleio pra coisa de infância.
Quando lambuzada de menino de barro
fico ainda mais propensa a deitar de barriga virada pra terra.
Minha palavra tem prazer em despropósitos.
Amor é despropósito.
Poesia também.
Dia desses descobri que lágrima é mistura de água do mar
com açúcar de fazer doce.
Doce é coisa de infância,
mas serve pra treinar os fingidores de adultices.
Ele me ensinou a namorar formigas e amanhecer de noite.
Fiz descoberta que queria derramar em seu ouvido:
Os passarinhos nascem na boca das crianças.
Dia desses cutuquei palavra presa.
Me arranhou.
Fiz carinho,
ganhei poesia.
(20.10.08)
Quando lambuzada de menino de barro
fico ainda mais propensa a deitar de barriga virada pra terra.
Minha palavra tem prazer em despropósitos.
Amor é despropósito.
Poesia também.
Dia desses descobri que lágrima é mistura de água do mar
com açúcar de fazer doce.
Doce é coisa de infância,
mas serve pra treinar os fingidores de adultices.
Ele me ensinou a namorar formigas e amanhecer de noite.
Fiz descoberta que queria derramar em seu ouvido:
Os passarinhos nascem na boca das crianças.
Dia desses cutuquei palavra presa.
Me arranhou.
Fiz carinho,
ganhei poesia.
(20.10.08)
quarta-feira, 15 de outubro de 2008
sede
Bebe-me aos poucos,
como a sede dos que sangram,
com a vontade dos que esperam.
Que de cá te desejo sem metades.
Pulso em sede,
tempestuosa sede.
E que ela seja nua.
Que seja de silêncio,
Que seja verso em madrugada.
Que não seja de verdades.
Que seja de saudade, colorida saudade.
Que venha de corpos amantes.
Que tenha a cor dos amados.
Que tenha som de sorriso secreto,
e de vento assombrado.
Que seja sede.
Que seja falta.
Que seja alta.
Que seja rede,varanda.
Seja saliva, corpo, bom-dia,
canção, língua, poesia.
Que seja sede que não míngua em lua,
mas cativa quando morta,
afogada em água.
como a sede dos que sangram,
com a vontade dos que esperam.
Que de cá te desejo sem metades.
Pulso em sede,
tempestuosa sede.
E que ela seja nua.
Que seja de silêncio,
Que seja verso em madrugada.
Que não seja de verdades.
Que seja de saudade, colorida saudade.
Que venha de corpos amantes.
Que tenha a cor dos amados.
Que tenha som de sorriso secreto,
e de vento assombrado.
Que seja sede.
Que seja falta.
Que seja alta.
Que seja rede,varanda.
Seja saliva, corpo, bom-dia,
canção, língua, poesia.
Que seja sede que não míngua em lua,
mas cativa quando morta,
afogada em água.
Assinar:
Comentários (Atom)