quinta-feira, 26 de abril de 2012



A palavra
ocupa as frestas
de meu corpo.
Apura com as mãos
a forma inacabada
que carrego.

Desliza por minha barriga.
Me apruma o verso no umbigo.
Tatua madrugadas
nos traços
que amanheço.

A palavra me tece,
me latina,
me cabe.
A palavra me azuleja,
me anuncia.
me abandona.

A palavra faz meu sexo de abismo.


(Maíra Guedes e Jober Pascoal)


Ilustração: "Maçã" de Vânia Medeiros.

3 comentários:

Léo Bezerra disse...

a palavra me abismou! beijos saudosos!

camila antero disse...

a palavra me ocorre
me socorre
me condena

é a palavra.

Anônimo disse...

Oi querida Maíra. Mais uma vez passo aqui e revisito o seu estojo, em que ondas versam o mundo. E me pego aqui transcrito, me pego aqui sugerido:

"A palavra
ocupa as frestas
de meu corpo.
Apura com as mãos
a forma inacabada
que carrego."

Um abraço enorme,

J.